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Entrevista aos Insanus


“Warth Of Creation” é o nome do fortíssimo EP de estreia dos Bracarenses Insanus, apresentando-nos uma banda com muita força, talento e ambição. Entrevistámos o seu vocalista, Snake, que nos falou sobre este grupo, o seu EP, entre outros assuntos...

M.I. - Boas Snake. Ouvido está o vosso EP de estreia "Wrath Of Creation". Tenho-te a dizer que apesar de serem uma jovem banda, apresentam-nos aqui um trabalho de grande qualidade. Como têm sido as reacções a estre registo a nível da imprensa?

Snake - Boas! Agradeço o elogio ao nosso trabalho. É sempre gratificante saber que temos povo que gosta e apoia! E isso tem-se verificado tanto na imprensa como no público. Temos conseguido ter várias reacções, mas todas são muito positivas. Falando mais a nível de imprensa, porque é a tua pergunta, temos recebido um apoio espectacular! Sinceramente, superou muitas das expectativas que eu tinha e acredita que tenho sempre muitas [risos!]. Tem sido muito bom ler as reviews e ver que reconhecem o nosso trabalho porque de facto, dá-mos muito de nós por este projecto. Isto porque acreditámos desde o primeiro momento que ele tem pernas para andar. E enquanto nos for possível, vamos continuar a trabalhar para chegar sempre mais longe. Penso que este EP também foi um pouco como tratamento de choque. Ainda havia e continua a haver pessoal que não conhece a banda e portanto, quem vai ouvir, acho que tem uma agradável surpresa. Apesar de eu ser muito suspeito para falar do nosso som, claro [risos!].


M.I. - Como têm corrido os concertos de promoção do vosso EP de estreia?


Snake - A nível de concertos temos estado com muita força. Estamos a encher 2010 com muitos concertos e tentamos sempre chegar a todos os cantos do nosso país. Claro que isso não é uma decisão exclusivamente nossa, por isso, nem sempre conseguimos entrar em tudo que pretendemos. Mas temos conseguido muitas e boas oportunidades. Já fomos a Guimarães e ao Porto. Agora vem Braga, Chaves, depois vem Porto outra vez, Lisboa, Famalicão e em Agosto temos uma data para Vigo. O que é óptimo! Depois em Outubro temos o Gaia Em Peso, por isso, estamos bem e sempre a acrescentar um ou outro concerto à agenda [risos!]. Para quem nos quiser ver, é só ir ao nosso myspace e ver as informações de cada concerto. A nível de actuação, estamos cada vez mais fortes. É preciso ter em conta que nenhum de nós vem de outros projectos. Este é o nosso primeiro, e espero que o último projecto [risos!]. Quero com isto dizer que começamos todos do zero mesmo. E vamos crescendo à medida que amadurecemos a nível musical, mas também a nível pessoal. Falando de mim, nunca tive qualquer problema em enfrentar o público porque a minha performance é 100% natural. É um emergir de um outro eu. Mas cada concerto é mais uma lição para melhorar sempre mais.



M.I. - Como está a ser a reacção do público ao vosso EP?

Snake - Como te disse na primeira questão, ainda há pessoal que nunca tinha ouvido falar na banda. Os que já ouviram, só conhecem o que está no myspace ou só ouviram falar do nome. Temos ficado contentes porque temos tido muita aceitação por parte do público. O pessoal ouve e gosta e nos concertos, a mesma coisa, ainda que um pouco tímidos pelo facto de não conhecerem as músicas ao pormenor. Mas penso que conseguimos mexer bem com a sala [risos!]. Vendemos sempre uns quantos EPs por concerto, o que demonstra que conseguimos cativar as pessoas. E olha que é difícil vender CDs. A maior parte gosta muito da cena, mas custa sempre comprar qualquer coisa. O dinheiro não estica e é sempre útil mais uma ou duas cervejinhas [risos!]. E depois, há a internet. Mas quanto a isso, já procurei e não encontrei nada [risos!]. Mas nós percebemos perfeitamente qualquer uma das situações. O dinheiro porque a crise toca a todos e a net porque é absolutamente normal. Além disso, é um mundo muito vasto, por isso não me importo que a cena circule. É muito útil para aumentar o nosso "território". Sinceramente, desde que o pessoal goste, desde que o pessoal apareça nos concertos, vá ao myspace deixar o seu comentário e muitas outras cenas, um gajo já fica muito contente. E sabemos que acabam sempre por comprar o EP. Ou porque querem suporte físico ou porque também percebe que é uma das maneiras de nos ajudar.


M.I. - Podes revelar-nos a história por detrás de "Wrath of Creation"?

Snake - Este "Wrath Of Creation" vem da necessidade de termos algo para mostrar ao mundo. Sair da garagem e finalmente dar o passo em frente. E parte muito daí. Claro que depois temos sempre outros objectivos, mas este é talvez o objectivo fulcral deste trabalho. E surgiu agora porque foi a altura que achamos melhor para avançar. Mas deixa-me realçar que isto é um trabalho de edição de autor. Foi algo que nos custou muito em todos os sentidos. É um trabalho de esforço, mas felizmente, temos sido recompensados por isso. Como os Insanus costumam dizer... "Isto tá mesmo à pro!" [risos!]. E de facto é verdade. Foi tudo devidamente tratado para termos um trabalho muito direitinho. Desde a música (objectivo principal) ao artwork, layout do myspace... tudo! O pensamento baseia-se no profissionalismo. Se vamos fazer algo, vamos trabalhar para fazer algo digno de se ouvir, ver, sentir. Pode custar, mas ao menos temos ali um trabalho de que nos vamos orgulhar. E estamos muito satisfeitos com isso.


M.I. - A que se deve esta 'raiva da criação'?

Snake - A esta "raiva da criação" é a nossa resposta ao que nos rodeia. Este EP é como um livro. Em cada música, encontras um capítulo. Fala da morte, mas também fala da vida. Fala de Deus (não um em particular, mas todos em geral). Fala do propósito da nossa existência e expõe as nossas dúvidas sobre temáticas comuns a todos nós. De certeza que já fizemos uma introspecção para tentarmos perceber o porquê de estarmos aqui... entre outras coisas... E neste trabalho, podem encontrar diferentes perspectivas sobre o assunto. Mas acho que as letras levam um seguimento lógico. Como disse, este EP é como um livro. E as músicas são os capítulos...


M.I. - Apesar de serem relativamente 'recentes', mostram uma grande força interior, o que transparece na vossa música. Quais as metas por vós estabelecidas?

Snake - Temos várias metas. Algumas até são bastante ousadas [risos!], mas estamos sempre com os pés bem assentes no chão. Para não ter uma desilusão muito grande [risos!]. Trabalhamos sempre para conseguir atingir os nossos objectivos e até agora temos conseguido. Neste momento estamos mais concentrados em dar a conhecer a banda e levar o nosso som a todos os cantos do país! Claro que também trabalhamos com uma divulgação mais internacional. Já temos as músicas a rolar na Inglaterra e na Holanda. Já demos uma entrevista a uma rádio Holandesa e temos tido algumas impressões lá de fora. Tem sido bastante bom! Aos poucos vamos conseguindo marcar a nossa posição e vamos trabalhando para atingir objectivos de maior dimensão. Aproveito para usar as tuas palavras, somos relativamente 'recentes'... tudo a seu tempo. O que tiver de ser, será!


M.I. - A tua voz é deveras poderosa e segura, notando-se por vezes semelhanças com o Randy Blythe dos L.O.G.. Será este uma influência para ti?

Snake - Desde já te agradeço pelo forte elogio. De certa forma é bom comparares com o Randy Blythe porque ele é um enorme vocalista. E sim, é uma das minhas influências, apesar de eu ter várias influências. Algumas até a nível nacional como é o caso do Shore (The Ransack), que foi quem me impulsionou para entrar nesta cena e o Nuno Rodrigues (W.A.K.O.) que tem uma voz absolutamente fenomenal. Depois claro, a nível internacional, há várias opções, mas posso referir o Trevor (The Black Dahlia Murder) e o Randy Blythe (Lamb Of God). Mas trabalho sempre para me destacar, fugindo a rótulos. Tento sempre mais e melhor. E tento ser versátil também, acho que é importante.


M.I. - O lançamento do vosso EP já foi em Janeiro. Agora que já passaram 2 meses sentem-se completamente satisfeitos com o resultado final ou sentem que poderiam ter feito algo de diferente?

Snake - Qualquer banda que se compromete a lançar algo, tem de estar confiante no seu trabalho. E nós não fugimos à regra. Devo dizer que no final, superou todas as expectativas. E para um primeiro trabalho, está realmente muito bom. Mas isto sou eu a falar. Sou suspeito [risos!]. É claro que depois de lançar algo, ficamos sempre com a ideia de que poderíamos ter feito algo diferente ou algo melhor, mas guardamos isso para o trabalho a seguir. É isso que nos faz crescer como músicos. Assim, elevamos sempre os parâmetros de qualidade dos nossos trabalhos [risos!].


M.I. - Os Ultrasound Studios foram sem dúvida alguma muito bem escolhidos por vós para a gravação do vosso registo...

Snake - Foi porque se enquadra perfeitamente no nosso tipo de som. Poder e definição. Toda a gente sabe que qualquer banda que vai gravar lá, sai satisfeita com o produto final e quem ouve, sabe que vai ter grande 'jarda'. E era isso que queríamos. Uma produção que realçasse o nosso trabalho. Já disse isto uma vez, numa outra entrevista. Penso que, há uns anos, o que nos separava das cenas internacionais era a qualidade das gravações. Não tínhamos muita competitividade nesse aspecto e acho que uma boa produção, acaba sempre por realçar o teu trabalho e faz com que dê mais pica ouvir. Hoje em dia temos pessoal que consegue oferecer uma produção de qualidade capaz de competir com os projectos lá de fora. E não falo só nos Ultrasound Studios, mas para nós foi o que se ajustou mais.


M.I. - Vocês contam com três anos de banda, sendo ainda uma jovem banda. Que dificuldades sentiram/sentem neste nosso underground?

Snake - A dificuldade maior é mesmo o dar a conhecer. Principalmente quando não tens nada gravado. Se tiveres, nunca tem grande qualidade. Hoje em dia qualquer bandas consegue gravar alguma cena em casa e pronto, cria logo um myspace e mete lá tudo [risos!]. Acho que devem gravar e ouvir e tudo mais. Mas pensem bem antes de se darem a conhecer ao público. E quando quiserem avançar com o projecto, têm de estar preparados para isso. Tanto a nível musical como pessoal. Porque depois surgem as críticas e não se pode agradar a toda a gente. O normal. Assim que possível, entrem num estúdio e gravem as vossas cenas com qualidade mais porreira, que consiga mostrar melhor o que a cena é realmente. Porque às vezes, as gravações não conseguem representar tudo aquilo que a música é. Muito por causa da qualidade. Por isso, baseia-se tudo na paciência. Sejam pacientes. Isto é tudo muito bonito, mas nós não agimos dessa maneira [risos!!]. Tínhamos 3 músicas mais ou menos e já andávamos aí a tocar na escola e tudo mais. Gravamos a cena às três pancadas e criamos logo o nosso myspace, sem layout e só com as músicas. Cenas mesmo muito banais [risos!]. Faz tudo parte do progresso, mas se fosse hoje, faria exactamente da maneira que expliquei em cima. É o meu conselho.


M.I. - Como banda, o que vos preocupa neste momento?


Snake - Sinceramente, acho que uma parte do público anda meio adormecido. Já não há aquela adesão que se via antigamente. Tanto a nível de aparecer nos concertos como a nível de movimento nos concertos. Dêm o contributo. Apareçam, mostrem que estão ali para partir tudo! Isso é o que todas as bandas querem. Em consequência disto, o pessoal já não faz comentários aos concertos em que esteve. Não diz se foi bom ou se foi mau... se teve muita gente ou se não esteve... se gostou ou se não gostou... Os fóruns existem para o pessoal trocar impressões e dialogar. É uma irmandade. Acho que há uns tempos atrás, estávamos melhor nesse aspecto. Mas possivelmente, as cenas melhoram. Temos que pensar positivo. Além disso, isto não se aplica a todos, mas notam-se uma diferença significativa. Posso estar errado e quem anda aqui há mais tempo saberá falar melhor sobre isso.



M.I. - O que pensas do estado do Metal em Portugal, tanto a nível da música como da imprensa? Mudarias algo?

Snake - Neste aspecto temos evoluído imenso! Penso que a nível musical têm surgido inúmeros projectos e alguns têm bastante força. Acho que as bandas têm surgidos em idades mais tenras como nós, Endamage e outro tipo de cenas. É muito bom! É sinal de que estamos a andar para a frente. A nível de imprensa, também tenho notado um apoio muito mais vasto. Já se preocupam mais com o produto nacional. Mas acho que ainda temos muito que pedalar [risos!].


M.I. - Queres deixar uma mensagem aos visitantes da Metal Imperium e para quem vos acompanha?

Snake - Vou deixar a mesma mensagem de sempre. Até me vão achar chato e tudo [risos!]. APOIEM O METAL NACIONAL ! Porque de facto, temos muito boa música por terras de Portugal e acho que isso devia ser mais que valorizado. Há pessoal que diz que não vai apoiar algo que não gosta ou que não presta... Mas acho que alguns dizem isso, mas não têm noção do que é realmente bom, porque não consigo perceber como é que não vêm qualidade em certas bandas. Tantas bandas que são sinónimo de qualidade e que não ficam nada atrás de outras tantas internacionais. Por isso, apoiem o metal nacional. Obrigado pelo convite e espero que continuem a trabalhar nesta causa. Certamente que valerá a pena. Em nome dos INSANUS, desejo a continuação de um excelente trabalho para a equipa do Metal Imperium.



Entrevista por Diana Fernandes