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Slayer - "World Painted Blood" Review

Que os Slayer são uma das mais importantes e influentes bandas de Metal da história é inegável, que compuseram grandes álbuns clássicos também é um facto e a que a banda passou por uma fase menos inspirada na sua carreira também é pouco discutível. Também é verdade que nem na sua fase menos boa a banda deixou de ter a sua agressividade característica, que é comum a todos os seus álbuns.

Em "World Painted Blood" encontramos também essa 'agressão sonora' e elementos dos CDs antigos num misto com a sonoridade dos álbuns recentes. "Reign In Blood", "Seasons In The Abyss", "South Of Heaven", "Christ Illusion", "God Hate Us All" assaltam-nos a memória durante uma audição atenta do novo CD do colectivo Americano e até o desinspirado "Diabolus In Musica" nos vem à cabeça neste CD, nomeadamente no fraco tema "Americon" e num ou noutro momento do trabalho. Mas este CD tem músicas muito boas como "Hate Worldwide" com um peso "catchy" que poderia estar incluído no meio de um "Seasons In The Abyss".
"Psycophaty Red" é um dos grandes temas do álbum, soando a Slayer clássico dos anos 80, embora as semelhanças com a música "Kill And Command" dos Thrashers Violence (lançada no álbum "Eternal Nightmare" de 1988) sejam notórias, nomeadamente no riff principal em que grande parte do tema dos Slayer se desenvolve. Quero acreditar que foi apenas coincidência, mas aconselho a cada um que ouça as duas musicas por si e tire as suas próprias conclusões. "Snuff" é outro dos temas fortes do álbum, mais uma vez com o som trademark dos Slayer. A merecer destaque temos também "Beauty Through Order" que soa como uma versão melhorada de "Eyes Of The Insane" do anterior álbum "Christ Illusion". O tema título também é bom e com um groove a fazer lembrar "Disciple" do álbum "God Hate Us All" apesar de achar os solos de guitarra desse tema desinspirados. "Unit 731", "Public Display Of Dismemberment" e "Not Of This God" também são bons temas e bem pesados, mas sofrem por não serem memoráveis. As músicas mais fracas deste álbum são mesmo "Human Strain", "Playing With Dolls" que se desenvolve num riff que nada tem de Slayer e soa inspirado em algo de AC/DC e a já em cima citada nesta review "Americon".

Kerry King revelou numa entrevista antes do álbum ser lançado que este iria conter 8 a 10 músicas e só entrariam as melhores que a banda compôs para o mesmo, porque a banda não queria incluir musicas só para "encher". Mas foi o que acabou por acontecer, porque o álbum acabou por conter 11 músicas e estas três anteriormente citadas são de facto bem mais fracas do que as restantes.
Dave Lombardo continua um monstro na bateria tendo feito mais um grande trabalho neste álbum, Tom Araya tem uma boa performance, soa muito agressivo, isto sem contarmos com algumas partes em que se aventurou a cantar mais do que o habitual, o que não ficou tão bem conseguido. Quanto a Kerry King e Jeff Hanneman mantêm o seu som típico de guitarra tanto nos riffs como nos solos, faltando a penas comporem algum material mais memorável.

Fora os três temas acima descritos, o álbum vai do bom ao muito bom, só lhe faltando atingir o clássico, ou seja, ter musicas capazes de ombrear com os temas emblemáticos do grupo e capazes de entrar sem dificuldade nas set-lists dos concertos.
Só o simples facto de após 28 anos depois da sua formação, os Slayer estarem no activo e a lançar bons álbuns como este e mesmo como o anterior "Christ Illusion", já é de louvar. Podem não ser clássicos como os primeiros, mas ainda assim a banda dá uma lição a muitas bandas da nova vaga do estilo. É um bom álbum dos Slayer para apreciar pelo que é e não para ouvir comparando com os álbuns clássicos, porque esses foram momentos únicos e irrepetíveis.

Nota: 8.4/10
"World Painted Blood" Track List:


01. World Painted Blood

02. Unit 731

03. Snuff
04. Beauty Through Order

05. Hate Worldwide

06. Public Display Of Dismemberment

07. Human Strain

08. Americon

09. Psychopathy Red

10. Playing With Dolls

11. Not Of This God


Review por Mário Rodrigues